“O instrumento é uma ferramenta para expor o seu próprio universo que em vez de jogar com a tradição, liberta-se de todos os contextos e preconceitos para criar um som próprio.”
Jornal de Letras (PT)
Guitarrista e criador, João Diogo Leitão desafia barreiras estéticas e tradições, através de uma abordagem inovadora a um dos mais fascinantes cordofones tradicionais portugueses – a viola braguesa.
“…uma viola braguesa como nunca a tínhamos ouvido antes. Um disco corajoso que abre novas fronteiras para um instrumento discreto, mas charmoso. ”
Songlines (UK)
A temporada de 2025 será repleta de novos projetos estimulantes, tendo a guitarra clássica e a viola braguesa como eixos criativos:
Participará na Folk Alliance International Conference (Canadá), fazendo parte de um grupo de 6 artistas representando Portugal, que será o país em destaque nesta edição. Encontra-se a terminar uma obra para trio de guitarras, que será estreada no Ciclo de Polinização (Paredes de Coura) e irá criar e gravar um novo disco para viola braguesa, com o apoio da DGArtes e do Centro Musibéria. Este novo disco será o resultado de 3 encomendas (a Ângela da Ponte, José Valente e Nuno da Rocha), além da sua própria música, partindo de uma leitura da poesia da tribo sul-africana /Xam, exterminada no final do séc. XIX. Criará, também, música para um espetáculo de dança que envolverá a comunidade de Serpa e, na celebração dos 50 anos da atual Constituição portuguesa, irá musicar um dos seus artigos. Ambas as obras foram encomendadas pelo Centro Musibéria.
Vencedor do 1º Concurso Nacional de Composição para Viola Braguesa, em 2024 terminou a sua primeira digressão internacional a solo com a viola braguesa, tendo tocado na Finlândia, Suécia, Letónia, Kuwait e E.U.A. Foi um dos músicos selecionados para o Global Musician Workshop, organizado pelo Silkroad (EUA), onde teve a oportunidade de aprender e tocar com mestres da música tradicional chinesa, indiana e africana (Wu Man, Balla Kouyaté, Kala Ramnath). A convite do Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso criou, em parceria com o ator André Gago, o espetáculo Matéria-Prima, para viola braguesa, guitarra clássica e voz. Encomendado pelo Serviço Educativo/Digitópia da Casa da Música (Porto), fez parte da equipa artística que criou o espetáculo para bebés Quem Conta um Conto Acrescenta Um Som. Como membro do Ensemble Provinciano criou o espetáculo À Roda, estreado no Festival Província Sonora (Vieira do Minho).
Enquanto guitarrista-intérprete já foi solista com a Orquestra do Norte, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Clássica da Madeira e Orquestra Gulbenkian sob a direção dos maestros José Ferreira Lobo, Pedro Neves, Pedro Amaral, Cesário Costa e Pedro Carneiro e apresentou-se nas mais importantes salas portuguesas como o Coliseu do Porto, Teatro Rivoli, Casa da Música, Centro Cultural de Belém ou Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian. Gravou para o projeto Lost Souls of War com Anna El-Khashem, Elisabet Franch, Luis Gomes e Quarteto Camões, entre outros.
A descoberta da viola braguesa – um dos muitos cordofones tradicionais portuguesas –, o fascínio pelas suas características tímbricas e o potencial inexplorado deste instrumento desencadearam uma metamorfose. Provocaram uma urgência poética que o levou a investigar e compor música para esta viola, que surge do natural encontro entre os mundos da música erudita e música tradicional portuguesa, inovando na abordagem técnica e estética, criando um repertório próprio para este cordofone. O álbum de estreia por onde fica a primavera (2020) foi criado e registado em Serpa, no Musibéria, e editado pela Respirar de Ouvido, com o selo Antena 2.
Com a publicação deste trabalho a solo, novas colaborações e contextos têm sido inventados em torno da viola braguesa: estreou a versão da obra Sofomania in Senatus do compositor Hugo Correia, para viola braguesa, sintetizador e orquestra, acompanhado pela Orquestra de Sopros da Academia de Música de Chaves, sob a direção do maestro Luciano Pereira. Para viola braguesa e ensemble de guitarras compôs toda a terra é caminho, todo o chão é pasto, estreada pela Orquestra de Cordas Dedilhadas do Minho e pelo próprio, sob a direção do maestro Rui Gama. Gravou com os músicos José Valente (viola de arco) e Luís Costa (piano). Faz parte do grupo a urtiga, um projeto de música e poesia original, em duo com João Almeida, que editou o disco à procura da essência da cebola (2023).
João Diogo Leitão (Gondomar, 1990) tem um percurso musical intimamente ligado à guitarra clássica, enquanto intérprete. Tendo feito a sua formação superior na Universidade de Évora e, posteriormente, no Conservatório Real de Haia nas classes dos professores Dejan Ivanovic e Zoran Dukic, respetivamente, assumiu-se desde cedo como um dos talentos da sua geração, tendo sido premiado e distinguido em vários concursos, destacando-se, especialmente, o 1º lugar no Prémio Jovens Músicos – Nível Superior (2014). Concluiu o mestrado em ensino na Universidade do Minho (Portugal) com o prof. Ricardo Barceló defendendo um relatório de estágio intitulado “A inclusão da viola braguesa no ensino especializado de música – um caminho para a diversidade e enriquecimento do percurso musical dos aspirantes a guitarristas”.
Orienta, frequentemente, masterclasses de guitarra clássica e criou uma Oficina de Improvisação e Criatividade, dirigida aos alunos do ensino especializado de música.
Usa uma Viola Braguesa do construtor Diogo Valente
[EN]
Guitarist and creator João Diogo Leitão has been challenging aesthetic barriers through an innovative approach to one of the most fascinating traditional Portuguese chordophones – the viola braguesa – using it as a “tool to expose his own universe which, instead of playing with tradition, frees itself from all contexts and prejudices to create a sound of its own.” (Jornal de Letras)
The 2025 season will be full of exciting new projects, with classical guitar and viola braguesa as the creative axes:
He will participate in the Folk Alliance International Conference (Canada); is finishing a work for guitar trio, which will be premiered at the Ciclo de Polinização and he will create and record a new album for viola braguesa. This will be the result of three commissions, as well as his own music, based on a reading of the poetry of the South African /Xam tribe, exterminated at the end of the 19th century. Commissioned by the Centro Musibéria, he will also create music for a dance show and set to music one of the articles of the Portuguese Constitution.
Winner of the 1º Concurso Nacional de Composição para Viola Braguesa (2024) and the Prémio Jovens Músicos – Nível Superior de Guitarra (2014), in 2024 he completed his first international solo tour with the viola braguesa and was one of the musicians selected for the Global Musician Workshop, organized by Silkroad (USA). At the invitation of the Santo Tirso International Guitar Festival, he created the show Matéria-Prima in partnership with actor André Gago. Commissioned by the Casa da Música Educational Service/Digitópia, he was part of the artistic team that created the show Quem Conta um Conto Acrescenta Um Som and, as a member of the Ensemble Provinciano, he created the show À Roda, premiered at the Festival Província Sonora.
As a guitarist-interpreter, he has been a soloist with the most important Portuguese orchestras and has performed in the major Portuguese concert halls. His discovery of viola braguesa – a traditional acoustic guitar from northern Portugal, usually associated with traditional/folk music – his fascination for its timbre and the untapped potential of this instrument, triggered a poetic urgency that led him to investigate and compose music for it. These compositions arose from the natural encounter between the worlds of classical and traditional music, innovating in technical and aesthetic approaches to create an unprecedented repertoire for this instrument. João Diogo Leitão’s debut album por onde fica a primavera (2020) for solo viola braguesa is a pioneering and original creation that brings together, through a contemporary approach and a natural virtuosity, his memories of classical and traditional music, creating his own unique imaginary sound world. por onde fica a primavera was created and recorded in Serpa, at Musibéria, and was published by Respirar de Ouvido.
“In his album “Por onde fica a primavera”, Leitão progresses in the challenge of taking up a traditional instrument deeply rooted in local Portuguese music, although carrying out a kind of ‘deconstruction’ exercise. This may not be the fairest way to describe it, but that’s one of the first insights you get from ‘Por onde fica a primavera’ (…). All the cleanest sounds of the stringed instrument are there, perfectly executed by João’s fingers in the way you’d expect them in any Portuguese classical or folk music composition, but here they’re brought out one by one, disassembled from their original & traditional construction, and replaced again in a new open context. Relocated on a kind of bare canvas, without any other vocal or instrumental arrangement, wandering through a kind of erratic melodies, but not without intense & melancholic emotions, with intriguing and unexpected evolutions, and dreamlike reflections of a beauty that melts into the mist and the dark of the plucked phrases on the strings.”
Pío Fernández – Folk World
This was followed by new collaborations and creations around the viola braguesa: he premiered a version of the work Sofomania in Senatus (Hugo Correia), accompanied by the Orquestra de Sopros da Academia de Música de Chaves; he composed toda a terra é caminho, todo o chão é pasto, premiered by the Orquestra de Cordas Dedilhadas do Minho and recorded with musicians José Valente and Luís Costa. He is part of the group a urtiga, which released the album à procura da essência da cebola (2023).
João Diogo Leitão (Gondomar, 1990) did his higher education (Classical Guitar – Interpretation) at the University of Évora and later at the Royal Conservatory of The Hague in the classes of professors Dejan Ivanovic and Zoran Dukic, respectively. He completed his Master’s Degree in Teaching at the University of Minho with Professor Ricardo Barceló.
Plays a Viola Braguesa by luthier Diogo Valente
(Last update: December 2024)